terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A Cigarra e a Formiga: Muito mais que uma fábula



A fábula da cigarra e da formiga, muito conhecida pela sua moral, está inteiramente ligada ao propósito de nossa ONG. Ela ensina a pensar no futuro e ajudar aquele que não teve as mesmas oportunidades que nós. Guardar aquilo que temos agora para usarmos depois nem sempre é visto como boa coisa, mas quando o assunto é alimentos, é a melhor coisa a se fazer.
Moradores de áreas rurais nem sempre podem ter alimento de sua plantação por todo o ano. Mesmo moradores de áreas urbanas, acostumados a buscar os alimentos em supermercados, dependem da produção do trabalhador rural. Doces, compotas e conservas ajudam a preservar o alimento sem que tenhamos que descartá-los, para podermos tê-los em períodos que são escassos.
É isso que aprendemos com a fábula: devemos pensar, não somente no agora, mas no que queremos para o futuro.

Podemos ler a fábula em sua forma original aqui:

A Cigarra e a Formiga – La Fontaine

A cigarra, sem pensar
em guardar,
a cantar passou o verão.
Eis que chega o inverno, e então,
sem provisão na despensa,
como saída, ela pensa
em recorrer a uma amiga:
sua vizinha, a formiga,
pedindo a ela, emprestado,
algum grão, qualquer bocado,
até o bom tempo voltar.
“Antes de agosto chegar,
pode estar certa a senhora:
pago com juros, sem mora.”
Obsequiosa, certamente,
a formiga não seria.
“Que fizeste até outro dia?”
perguntou à imprevidente.
“Eu cantava, sim, Senhora,
noite e dia, sem tristeza.”
“Tu cantavas? Que beleza!
Muito bem: pois dança agora...”
(Do livro Fábulas de La Fontaine, 1992)

De uma forma mais didática, a fábula foi reescrita:

A Cigarra e a Formiga (A Formiga Boa) – Monteiro Lobato

Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé do formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.
Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas, Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas.
A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.
Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu – tique, tique, tique...
Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.
- Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.
- Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...
A formiga olhou-a de alto a baixo.
- E que fez durante o bom tempo que não construí a sua casa?
A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse.
V - Eu cantava, bem sabe...
- Ah!... exclamou a formiga recordando-se. Era você então que cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?
- Isso mesmo, era eu...
Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.
(Do livro Fábulas, Monteiro Lobato, 1994)

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